Agricultor recolhe sucatas e cria minitrator e arado motorizado no interior da Bahia
Até mesmo o carro de Genilson é adaptado. Ele guarda os materiais no fundo do veículo e usa a garagem de casa para executar suas invenções, que ele chama de gambiarra.
Um agricultor do povoado de Boa Vista, que fica em Biritinga, cidade a cerca de 200 km de Salvador, criou um mini trator com sucatas e peças de um carro sem uso, transformando as latarias em um item útil para o cultivo da roça. Além disso, ele desenvolveu um arado motorizado e outros equipamentos para acelerar a produção e economizar dinheiro.
Genilson Cruz conta que todo o material utilizado para fazer o maquinário foi reciclado. “Com as sucatas, pedaços de lata velha e carro velho, e vi a oportunidade de fazer algo que está me ajudando na manutenção da roça. É uma forma de baratear, fazer com que as coisas aconteçam. Tudo de sucata e coisa descartada, a gente colocou para funcionar e servir para a agricultura familiar”, disse.
De acordo com Genilson, com o cultivador motorizado desenvolvido por ele é possível fazer, em uma hora, o que um homem sozinho não consegue fazer durante um dia inteiro de trabalho com uma enxada. O equipamento serve para limpar o espaço entre as linhas de plantio.
“Essa é uma forma aqui de baratear também o custo e a mão-de-obra. Ganha tempo, economiza muito dinheiro e pode plantar uma área maior”, garantiu.
Enquanto ele desenvolvia seu “laboratório” na garagem de casa, pessoas próximas duvidavam que o monte de sucata um dia teria utilidade. O frentista Wagner Cerqueira é amigo do agricultor e admitiu que desacreditou das invenções. Agora, confessa ter sido “vencido” por Genilson e elogiou o esforço.
“ Chamei ele até de louco. Ele me desafiou, eu desafiei ele, mas não teve jeito: o homem é inteligente e está aprovado o trabalho dele”, declarou.
Ele vai além, e motiva outras pessoas a fazerem o mesmo. Genilson se diz orgulhoso pelas suas invenções e declara que o que alguns chamam de loucura, ele vê somente como uma forma de contornar dificuldades.
“A dificuldade nos ensina a buscar algumas alternativas paliativas. Uma vez que não tenho recurso financeiro para comprar, o que impede que eu possa criar? Muitas vezes a gente vê a dificuldade, mas diante dela tem que buscar uma forma de suprir as necessidades”, comentou.
“Muitas vezes o que parece ser loucura é uma forma de driblar a situação. E para mim é uma honra poder apresentar eles, os equipamentos, que funcionaram. E, aos muito que também querem fazer algo, tentem, porque vai dar certo e nem é tão difícil”.
Até mesmo o carro de Genilson é adaptado. Ele guarda os materiais no fundo do veículo e usa a garagem de casa para executar suas invenções, que ele chama de gambiarra.
A esposa de Genilson, Manuela de Jesus, contou que ele também produz peças de decoração para o imóvel do casal. Orgulhosa, ela mostra móveis e outros utensílios que o agricultor fez para a casa onde moram.
“Essa porta foi ele que fez. Essa cerâmica, foi de atividade de colégio que foi feita. Ele pegou, reciclou e colocou aqui na nossa casa, com muito amor e dedicação, como tudo que ele faz”.
Fonte: G1-BA